domingo, 15 de abril de 2012

Garoto fica 45 dias com lápis cravado nas costas

Roberto Corrêa mostra o lápis que ficou 45 dias alojado no corpo do filho
Depois de dois raios X e pelo menos 10 consultas médicas, já não conseguindo mais caminhar de tanta dor, objeto foi retirado
O jovem Igor Machado Corrêa, 15 anos, depois de cair um tombo em seu quarto, no dia 20 de fevereiro, ficou aproximadamente 45 dias com um lápis de cinco centímetros enterrado na região lombar, próximo da coluna vertebral. O pai do menino, o soldador Roberto Corrêa, chegou a entrar em desespero, pois, mesmo tendo passado por quatro médicos e consultado pelo menos 10 vezes no Hospital de Caridade e Beneficência, Hospital da Liga e plantão 24 horas do SUS, o menino continuava com os fragmentos de madeira dentro do corpo, causando dor e febre. Somente na última segunda-feira, 40 dias depois do acidente, o lápis de cinco centímetros foi retirado, pelo médico Paulo Machado.

O DRAMA DE IGORA QUEDA
No dia da queda, Roberto levou o menino no plantão do SUS para ver se não havia nenhuma fratura. Chegando lá, ele foi encaminhado ao Hospital de Caridade e Beneficência, para que fosse realizado um raio X da coluna. Depois dos exames, nada foi encontrado e Igor recebeu indicação para tomar anti-inflamatórios e ficar em repouso.

AS DORES
Passados três dias da queda, o garoto sentia muitas dores, o que levou Roberto a consultar Paulo Machado, por ser médico do Sindicato dos Metalúrgicos, de onde a família é associada. O médico solicitou que ele fosse no Hospital da Liga para fazer exames para ver o que causava as dores do menino, mas já afirmava que tinha algum objeto dentro do ferimento.

MAIS RAIO X
Chegando ao Hospital da Liga, o garoto foi novamente mandado ao HCB para uma nova bateria de raios X. O resultado do exame levou três dias para ficar pronto e, desta vez, indicou que havia um corpo estranho dentro do ferimento.

MAIS PLANTÃO
Pela terceira vez, Roberto leva seu filho no plantão do SUS e, após análise, o médico plantonista mandou o menino para o HCB para a remoção do objeto.

VOLTA PARA CASA
No HCB, Roberto relata que seu filho foi atendido pela médica Mírian Terezinha Gonzalez, que receitou mais anti-inflamatórios e mandou o garoto ir para casa ficar em repouso, alegando que o corpo iria expelir o objeto naturalmente. “A alegação para não tirar o objeto foi que o ferimento estaria infeccionado e a anestesia não iria pegar”, lembra Roberto.

A INDIGNAÇÃO
Passados mais alguns dias, Roberto, ansioso por não haver melhoras, levou seu filho novamente ao médico Paulo Machado, que indignou-se com a situação e encaminhou mais uma vez ao Hospital da Liga, com indicação para que fosse removido o objeto. Desta vez, o médico Flávio Machado Lima foi quem atendeu o menino, mas Roberto não havia levado o raio x.

NOVO MÉDICO
Flávio analisou o ferimento, mas não pôde afirmar que havia algo dentro do garoto, tendo até procurado no ferimento, mas, segundo o médico, sem o exame de raio X seria difícil localizar. “Em alguns casos em que não se acha o corpo estranho, como neste caso em que eu não tinha o raio X para me localizar, se observa o ferimento e a evolução do paciente para tomar uma nova conduta. Não posso abrir um corte nas costas do menino e sair procurando algum objeto sem ter noção da localização”, falou Flávio. Segundo o médico, o menino voltou para casa com indicação para retornar com o raio X no outro dia para que fosse feita uma análise conforme as lâminas acusassem o objeto. “Pedi que eles retornassem com o raio X, mas não houve retorno”, comenta Flávio.

DOR E FEBRE
Dois dias depois, em casa, Igor começou a sentir muita dor e passou a ter febre. “Eu não conseguia mais caminhar. Minhas pernas começaram a travar de tanta dor”, lamentava o menino. Roberto, já indignado e cada vez mais preocupado com a saúde de seu filho, levou o garoto para o plantão do SUS, já implorando por uma solução. O plantonista, que, segundo Roberto, foi muito educado, pediu para que ele fosse até o HCB fazer a remoção do objeto. “Já fui sabendo que não iam fazer nada, quase chorei no caminho de tanto desespero”, comentava Roberto.

NO HCB
Já na pré-consulta, um funcionário do HCB, que Roberto não soube dizer o nome, falou que havia um acordo com a Prefeitura Municipal e o HCB, insinuando que estes casos, que não causam risco de vida, seriam para o Hospital da Liga e que não deveriam ser encaminhados ao HCB. “Neste momento, me deu vontade de entrar com meu filho para dentro de uma sala cirúrgica e obrigar um médico a tirar o que tinha dentro dele”, indigna-se Roberto.

MAIS ESPERA
Depois de muita espera e argumentando que estaria já há dias com este problema e nem o Hopital da Liga, nem o plantão do SUS teriam condições de ajudar seu filho, a médica Mírian o atendeu, mas explicou que não havia nada a ser feito e que deveria fazer compressas no ferimento e aguardar que o corpo expelisse o objeto. A médica Mírian pediu que ele retornasse em quatro dias para ela ver o ferimento.

NOVA ESPERA
Quatro dias depois, outro problema foi enfrentado pela família. Chegando ao HCB, Roberto diz que teve que explicar detalhadamente toda a história e depois de mais de 40 minutos a médica Mírian apareceu, olhou o ferimento, disse que estaria melhor e mandou o menino novamente para casa, afirmando a tese de que o corpo iria expelir o objeto.

A REMOÇÃO
Cerca de 40 dias depois do tombo, cansado de procurar o plantão do SUS, HCB e Hospital da Liga, no último dia 4, ele voltou ao médico Paulo Machado, que ficou surpreso com o caso, ainda mais depois que o raio X constatou que havia um objeto no corpo do menino. Paulo Machado realizou o procedimento para remoção do objeto na última segunda-feira, onde foi encontrado um lápis de aproximadamente cinco centímetros que estava enterrado na região lombar do menino, próximo à coluna vertebral.

O OUTRO LADO

O que diz o SUS
A Secretaria Municipal de Saúde enviou um histórico dos atendimentos:

20 DE FEVEREIRO
O menino foi atendido pelo médico plantonista, que realizou exame físico e constatou ferimento na região lombar de aproximadamente meio centímetro. Foi prescrito medicamentos, curativo e encaminhado ao HCB para realização de raio X.

24 DE FEVEREIRO
Igor retorna ao plantão 24 horas, onde foi atendido pelo médico plantonista e realizado curativo, sendo retirado um fragmento de madeira de aproximadamente 2 centímetros.

28 DE FEVEREIRO
Igor consultou com suspeita de abscesso e corpo estranho. Foi drenado o abscesso e não foi encontrado corpo estranho, sendo solicitado um novo raio X.

6 DE MARÇO
Foi atendido pelo médico plantonista e encaminhado ao HCB.

13 DE MARÇO
Pai e filho retornaram à sala de pequenos procedimentos da US 3, Hospital da Liga, quando foi atendido pelo médico que não encontrou o corpo estranho. O médico não pôde avaliar o raio X, pois a família não o trouxe.

18 DE MARÇO
Atendido pelo médico plantonista e encaminhado ao cirurgião.

O que diz o HCB
"Como o caso envolveu muito gente, será averiguado o que aconteceu" foi a resposta oficial do hospital.

O que dizem os médicos
O JP tentou contato com a médica Mírian Terezinha Gonzalez, mas não obteve sucesso. Foi solicitado contato via HCB, mas não foi fornecida nenhuma resposta. O médico Paulo Machado não quis se manifestar.
Fonte: Jornal do Povo

3 comentários:

  1. Causa enorme indignação um caso destes,e se o objeto fosse maior,ou causasse uma ruptura em algum órgão.È pobre ñ pode pagar!Azar!Mandam pra cá,mandam pra lá...
    Essé é o atendimento da saúde pública DESUMANO e VERGONHOSO,assim como são VERGOSONHOS os salários e benefícios dos polítcos neste país!!!

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  2. Pq vcs não colocaram qual a cidade que aconteceu isso?
    ass João Paulo Lemos

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  3. Por favor senhores Medicos, eu fico preocupado com estas faculdades que estão formando "medicos" que se esquecem do juramento que fizeram no momento de sua formatura.É um absurdo esta situação deste jovem ao ponto que chegou levar 40 dias para tirar este objeto? Onde esta a dignidade humana? Se fosse um filho destes que atenderam, prontamente eles iam dar um jeito. Esta faltando realmente o amor ao proximo. Que Deus abençoe este Pai e filho que passaram por esta situação. Carlos Ribeiro

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